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POESIA

Mapas de asfalto

há tempos que o céu

das beiradas

acorda cinzento

 

as pedras ficam intactas

endurecendo vidas

pelas esquinas

 

a esperança passa

como ventania

pelas ladeiras

 

e o asfalto grita

denunciando

mentiras vencidas

 

são heranças de uma

cidade açoitada

em silêncio

 

nos mocambos de hoje

germina a resistência

do amanhã

em cada quintal

um trançado

autoestima se firma

 

no olhar da mulecada

vejo uma trilhas

sedenta de história

 

é batuque,

rodeando as intenções,

cravando horizontes

 

grafitando nos

muros, poemas

da nossa virada

 

declamando ação,

sacudindo vozes

 

e na espreita das ruas

ecoam as rimas

num versar ritmado de

redenção!

 

Prece

ave verso do avesso!

faça da lage a vista além de blocos,

bendito o giro que lavra na palavra

que a noite seja como as matas do seu dia

e o batuque anuncie o ar da graça

 

vem com fôlego de pipa mandada

rachaduras, rachas duros, escapulindo letras

 

verborragia em silêncio

páginas pimentas,

ferve no lombo da cegueira,

verte mares em mandacarus,

afaga a sede das memórias

 

por mais onde for,

a poesia como flor,

e o poeta semeia pólen,

coloca doce na saliva,

ferrão na tiração,

se esparrama em nosso mundo

e beija a boca da vida.

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