O sol, a crise e a criação
Quando eu terminei o ensino médio, há uns vinte anos atrás, percebi uma desilusão comum e vários amigos buscando rumos diferentes na vida. Um desistiu de ser jogador, outro de ser skatista, outro de lançar um disco de rap... A maioria encarou a lida pesada ou a fila do desemprego. Já o Curió, truta de longa data, resolveu viajar pra longe, e depois de um tempo voltou com uma intenção estranha, mais magro, com outro tempo resposta e se alimentando com raios de sol.
Lembro que essa história deixou a geral confusa, como assim se alimentar de luz solar? E bastou o Curió sentir o primeiro sintoma de tontura na cidade-caos que logo apontamos o dedo: “também não come, fica nessa de tomar sol!”.
Meu amigo tava um passo a frente e acessou o conhecimento da alimentação prana, da ativação da energia vital, que pelo contato de luz natural no corpo, principalmente na parte frontal, regula o organismo e ativa a antena da nossa intuição, sensibilidade e criação, conhecida como glândula pineal.
A pineal, em algumas tradições egípcias e indianas, corresponde ao terceiro olho do nosso corpo sutil, numa interface entre a matéria e a energia da vida. Por isso, uma pineal doente e atrofiada abre margem pra muita confusão nos pensamentos. Ligeiro que só, nosso amigo Curió tava cuidando da lucidez e da criatividade pra curar a desilusão.
Ao contrário do que muitos pensam, um estado criativo não envolve somente trabalho e dedicação intensa. Sim, é preciso estudar, pesquisar, experimentar, mas também é preciso digerir, intuir e relaxar, pois a intuição é uma representação do relaxamento da mente. Criar envolve a ginga entre a intensidade e o relaxamento e nisto a alimentação prana é chave.
Uma das formas que bloqueiam nossa pineal é o consumo excessivo de flúor, principalmente da pasta de dente e da água (da torneira e do mercado). Pineal bloqueada é uma tática de guerra: Hitler abasteceu campos de concentração com água fluoretada pra deixar as mulheres estéreis e os prisioneiros dóceis. Quando soube disso, lembrei dos vários copinhos de flúor ingeridos nos primeiros anos de escola e na caixa d´água turbinada há anos pela mesma química.
Sem mera coincidência, estamos intoxicados, dopados e exterminados por muitos lados. Antes fosse só a política, mas há sacolejos doloridos naquilo que nos alimenta (física e mentalmente), naquilo que bebemos e oferendamos, na cachola insana e suicida, no astral anunciando o ápice da pós-verdade (o fim da velação) e no firmamento da transição planetária, onde o materialismo tem esfarelado numa possibilidade mais sutil e expandida de consciência.
Não há pineal bloqueada que aguente. São maremotos e tsunamis abalando a terra e nosso mar interno, é pólvora na mata e na pele sem dó, destruindo as barragens e desabando nossos neurônios, num espelho do mundo.
E ainda mais, evitando o contato com o sol nossa criatividade anda mesmo condenada. Como compreender que se alimentar de sol é libertador se a gente cresce aprendendo que raio solar é perigoso? Enquanto este brilho vital é acusado injustamente de causar câncer e manchas, sob a desconfiança dos óculos escuros, protetores sintéticos e da mente fluoretada?
Além disso, o caos impõe que a gente não relaxe. Podemos trabalhar, pesquisar, se informar, menos relaxar, a “correria” é a palavra da vez. Faça o teste: pergunte a alguém como a pessoa tá e observe se a resposta é algo como “tô aí na correria, tamo aí a luta” ou se as pessoas têm respondido “tô relaxado… tô criando... tô intuindo…”, é como se o mundo estivesse sob forte efeito de algum remédio e não percebêssemos por estar na mesma situação.
A história do Curió ressurgiu esses dias, mirando o sol da tarde, costume que adotei nos últimos anos. Lembro que na época julgamos nosso amigo pela tontura, sem entender que, ao ativar a pineal em seu banquete solar, o Curió aflorou a sensibilidade e sentiu a sintonia tóxica da cidade pairando em nós. Questão de frequência. Definitivamente, o banho de sol do Curió era só adianto e está longe de ser um problema.